O MITO e O RITO
Os mitos são narrativas emanadas do inconsciente colectivo das sociedades; transmitem-nos acontecimentos transcendentais e dos primórdios de uma comunidade. Estão longe de ser descrições lúdicas e sem fundamento. Os mitos, no meu entendimento, têm origem em factos históricos ocorridos em tempos primórdios, hoje expurgados de seu conteúdo menos significativo e enriquecidos com arquétipos e imagens fabuladas. Ou seja, quase todo o mito é uma história fantástica das origens de povos, das nações e do próprio mundo. A finalidade do mito é educativa. Visa criar valores fortes, cultura de identidade ou transmitir verdades transcendentais. Por tudo isso, as histórias míticas são exageradas e fabulosas para produzir impacto emocional, para manter a intensidade e a força da transmissão. O mito não é uma construção individual. É colectiva e elaborado por muitas gerações, criando raízes indestrutíveis na memória de uma colectividade humana. Eles infundem nos indivíduos as mesmas emoções, os mesmos sentimentos e a mesma vontade, criam a identidade, a tal força invisível que mantém unidas as comunidades. Por isso, ainda hoje não se sabe se é a comunidade que cria o mito ou mito que cria a comunidade. O mito da fundação de Roma, explica o nosso discurso anterior. Uma loba amamentou os gémeos Rómulo e Remo:- eis o início de uma história fantástica que teve origem no facto de dois bebés órfãos, terem sido alimentados e criados por uma prostituta chamada Lupa (Loba), que morava entre as sete colinas da futura cidade. Sem a transformação desse facto banal num mito mágico, Roma nunca teria sido o maior império do mundo antigo, visto que o mito ajudou os romanos a acreditar que o seu destino de conquistadores vitoriosos e protegidos pelos deuses estava determinado desde as suas origens extraordinárias. E quanto aos ritos? Eles são a interpretação cénica e dramatizada do mito. Por meio das palavras, dos gestos, da indumentária, dos cânticos, do ritmo e do cenário, os ritos visam fornecer ao mito uma força viva e actualizada. Os ritos têm o objectivo de eternizar o mito, trazendo-o do passado remoto para o presente activo, renovando-o permanentemente. Pode-se afirmar que o rito é a encenação dramática de um mito.
Reflectir permanentemente sobre mitos e ritos é (re)construir o mundo e as políticas! Para melhorar o MUNDO ! ...
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