Terça-feira, 24 de Abril de 2007

Viva o 25 de Abril

   Foi neste gabinete que Marcelo Caetano se rendeu ao Movimento das Forças Armadas no Quartel do Carmo.

 

 

VIVA O 25 de ABRIL

Publicado Por... pequenos nadas às 18:16
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Sábado, 21 de Abril de 2007

A Propósito do Diploma do Primeiro Ministro

Fui vários anos professor de uma Instituição Privada de Ensino Superior que por sinal não tinha lá grande fama no contexto social e cultural em que se inseria.

Privilegiei sempre o rigor e a exigência, levada às últimas consequências, de tal forma que os alunos finalistas de uma licenciatura, afirmavam que a cadeira que eu ministrava dava mais trabalho que as outras todas juntas. Ouvi protestos de alunos e professores.Nunca cedi a este desiderato. O nosso papel desenvolvia-se no ensino superior, não na escola do b-à-bá.

Desempenhei também funções docentes, como professor convidado,numa Instituição de Ensino Superior Pública, e segui sempre os mesmos propósitos. Por esse facto, saí incompatibilizado com professores do quadro da Instituição, porque intuia,  por exemplo, que num trabalho ou projecto final de curso, deve-se ser exigente, haver defesa pública e não se pode ficar satisfeito com «qualquer coisa» que o aluno produza.

Passei pelos dois Sistemas: o público e o privado. Vejo-me obrigado a concluir que vi «coisas boas» num lado e noutro e coisas que não se podem admitir também em ambos os lados. Evitemos pois os ferretes dirigidos só ao ensino privado!....

Hoje, depois de todos os problemas surgidos em redor do diploma do Primeiro Ministro estou tranquilo e tenho a certeza que muitos dos meus antigos alunos se terão recordado de mim. Todos eles podem  apresentar,das minhas disciplinas, elementos avaliativos concludentes e trabalhos investigativos que não os envergonham em qualquer lado. São eles  que dão crédito às suas licenciaturas. Outros haverá que não poderão estar tão serenos!...

Vejo passar à minha frente, algumas pessoas, com um ar cândido de espanto. Parece que só agora ouviram falar da «bagunça» que reinou nalgumas instituições públicas e privadas que eles próprios ajudaram a  licenciar, alegremente, sem fiscalização adequada. Eles e o  Estado, reconheceram, muitas vezes,à posteriori cursos e instituições que se desenvolveram à revelia das leis - muitas das vezes para servir, sabe-se lá quem.

 Vejo-os e ouço-os, quais virgens santas, espantarem-se com certificados fora de horas, com equivalências mal justificadas, com cadeiras feitas «à borla», tudo no âmbito da lógica da facilidade, que sempre induz  recrutamento fácil de alunos para fazer prosperar o negócio.

 Tanta hipócrisia!...

 Muitos dos espantados, quicá estiveram sentados nalgumas dessas carteiras da facilidade e  são hoje licenciados. Além do mais,  progrediram e bem nas suas carreiras e situação profissional.

Para todos eles, aquela frase que deixei em suspenso no último Post. É paradigmática a atitude que teve o inteligente perante o idiota...Para bom entendedor!

Publicado Por... pequenos nadas às 18:10
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Quinta-feira, 19 de Abril de 2007

Os Idiotas e Os Inteligentes

Um Homem Inteligente Deve Fazer-se de Idiota Perante um Idiota Que se Faz de Inteligente? -eis o mote para o próximo Post sobre o Diploma Sócrates.
Publicado Por... pequenos nadas às 16:24
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Terça-feira, 17 de Abril de 2007

Olhar a Guerra Educar Para a Paz

Há mais de trinta anos, os jovens Capitães de Abril fizeram uma Revolução com cravos, para restituir ao povo português a liberdade que lhe havia sido sonegada e acabar com a Guerra Colonial.

Os nosso avós e alguns dos nossos pais, tiveram o privilégio de assistir, nesse dia 25 de Abril, ao amanhecer de um país livre e de ouvir, nessa madrugada, as trombetas que assinalavam o fim da guerra. Nós, já somos filhos da liberdade e do som longínquo dos clarins.

Agora à distância, a guerra parece-nos leve, insignificante, sem consequências, mas não foi. Para ela partiram, obrigados, muitos dos jovens de então, hoje avós de quem gostamos. Viveram uma contenda de horrores, de isolamento, de separações, de mortes, feridos e.estropiados. Pertenceram a uma juventude espoliada da liberdade de escolha do seu modo de viver.

Ainda nos dias de hoje, os resquícios dessa malfadada guerra teimam em não nos abandonar. Silenciosamente, mantém-se presentes em muitas famílias, sob o disfarce da violência familiar, do alcoolismo, do stress de guerra. Ainda anda por aí, como fantasma, assediando-nos a todo o momento.

Convido-vos, pois, a OLHAR essa guerra. Olhar e reflectir.

Estou certo(a) que no final desses OLHARES, todos vão concluir que é bem melhor Viver em Paz e Educar Para a Paz.

 Nós que somos netos de muitos desses ex-combatentes, temos a obrigação de cultivar a Paz e indignarmo-nos com a Guerra, já que mais não seja em sua memória, porque lhes devemos a VIDA.

 

Muito obrigado por terem vindo.

(A apresentar por um aluno de uma escola de Cantanhede no acto de abertura de uma exposição sobre a Guerra Colonial )

Publicado Por... pequenos nadas às 19:38
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Segunda-feira, 16 de Abril de 2007

Mais Uma Vez Académica

O campeonato aproxima-se do fim e, mais uma vez, vamos sofrer! Sofrer todos os anos, é a cruz dos que gostam desta centenária equipa de negro vestida.

Este ano tudo se iniciou em redor de um optimismo sem limites. Pensava-se na Europa e na conquista da Taça de Portugal.Nem uma coisa nem outra, a descida espreita.

Contratou-se um novo treinador e despediu-se ingloriamente outro, aquele que tinha conseguido a permanência!...A ingratidão paga-se caro...

Destroçou-se a equipa  que o destronado Nelo Vingada havia formado, contratando de forma esfarrapada e sem critérios de qualidade, dezenas de jogadores. Depois nada funcionou...

O entronizado treinador, arrasta-se pelas conferências de imprensa, tentando justificar o injustificável e os jogadores nunca assimilaram a mística de ser e saber jogar na Briosa!

Temos hoje um Club despersonalizado, descaracterizado, ridicularizado!...

A Nossa Briosa já não canta o Choupal, a Universidade, os Estudantes, o Mondego, as Gentes da Cidade.

Acudamos-lhe em quanto é tempo! É tempo de alerta...já.

Salvemos a Académica.

 

Publicado Por... pequenos nadas às 19:47
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Quarta-feira, 11 de Abril de 2007

As Ideias São Como Peixes

A Aprendizagem ao Longo de Toda a Vida (e com a Vida) é hoje o maior desafio das sociedades modernas.

Existe também um grande acordo em torno das competências nucleares a que todos os cidadãos devem ter acesso:numeracia e literacia, competências básicas em matemática, ciências e tecnologia, domínio de pelo menos uma língua estrangeira, espirito empreendedor e competências em TIC.

 Estas prerrogativas descodificadas, significam que há centralidades a ter em conta sempre que se abordam os contextos de vida de qualquer pessoa: a sua realização pessoal e o desenvolvimento pessoal ao longo da vida, uma cidadania permanentemente activa e de inclusão social e a empregabilidade, entendida nos dias de hoje como a capacidade para obter e manter um emprego no mundo complexo do trabalho.

  Em termos escolares e formativos e na óptica do desenvolvimento curricular, o discurso transporta-nos para o campo das   competências - chave a adquirir: comunicação na língua materna, comunicação numa lingua estrangeira, literacia matemática e competencias básicas em ciência e tecnologia,competências em TIC, aprender a aprender, competências interpessoais e cívicas, empreendimento e interesse cultural.

Muitasdestas competências podem ser adquiridas ao longo da vida e com a vida, por meios e práticas educativas  informais e não formais. Por esse facto, devem ser tidas em conta, validadas, e revertidas para qualquer percurso formativo formal.

Em Portugal já existem instrumentos no campo teórico e prático para operacionalizar a educação-formação ao longo da vida para um conjunto significativo de portugueses que dela precisam e de que o País necessita para sermos mais competitivos. Refiro-me aos cursos EFA e aos Centros de Reconhecimento e Validação de Competências.

Temo que  a sua generalização, apressada e a qualquer preço, com o mero  intuíto político de apresentar estatisticas, subverta os processos educativos e formativos. O facilitismo e a falta de rigor, conduzirão à disseminação de diplomas que não darão mais valias competênciais aos seus possuidores.

Como diz Mia Couto, nesta e noutras mudanças de vida, ao caminhar encontramos mais pedras que caminho.Vamos encontrar muitas pedras! E eu que nestas coisas já me transformei em Velho do Restelo, acho que vamos construir pouco caminho...

Nuno Carvalho tem um pensamento que reflecte bem o que eu pretendo dizer. " As ideias são como os peixes. Podemos encontrá-los à superfície das águas, mas lá em baixo, nas profundezas, é que eles são maiores"

A maioria dos Portugueses gosta de os encontrar à superficie!...

Publicado Por... pequenos nadas às 17:43
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Terça-feira, 10 de Abril de 2007

Ralatório Final do Debate Nacional sobre Educação

Produzido pelo Conselho Nacional de Educação, apresenta-se como um documento de importância capital para o desenvolvimento da Educação em Portugal.

Contém uma despretensiosa participação nossa.

Para os governantes lerem, reflectirem e agirem. 

Publicado Por... pequenos nadas às 16:58
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Quinta-feira, 5 de Abril de 2007

Centrados em nós

Quatro cães de raça rottweiler que vagabundeavam pela Várzea de Sintra mataram Vira Chudenko. Estes animais compram-se no Centro Comercial porque está na moda; mais tarde,  abandonam-se à sua sorte, porque dão trabalho e preocupação.

Há semanas, a Segurança Social, ordenou o encerramento de  um lar de idosos. Contactou a familia dos internados . Muitos nem sequer se dignaram responder ao contacto.

Dois casos bem paradigmáticos de como vivemos hoje centrados em nós.

 Se os donos dos cães e os familiares dos idosos, fossem interpelados, chorariam «baba e ranho», justificando-se com o árduo trabalho quotidiano, a falta de tempo, o malvado stress ( de que já não posso ouvir falar !)  e a ausência de espaço.

  Tudo é legitimado a qualquer preço e com o discurso do «choradinho»!...

 Deixemo-nos de lérias. O que conta é a  felicidade de cada um deles e o seu bem - estar.

Aqui está uma imagem do povo em que nos vamos transformando: centrados em nós e formatados  a um conceito publicitário de felicidade e de prazer. Felizes são os magros, os que não têm maçadas, os que  viajam muito e sem condicionalismos, os que arranjam um bom emprego que não dê trabalho, etc, etc. Vamos dizer tudo isto por outras palavras: o que interessa é a nossa pessoa, os outros que se lixem!...Solidariedade para quê? Dá stress... 

(veja-se, também,  Zé de Bragança, Noticias Magazine, 01 de Abril de 2007).

Publicado Por... pequenos nadas às 22:08
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Segunda-feira, 2 de Abril de 2007

Portefólios

 

 

Para uma  Formação mais Participada e Mais Reflexiva

 dos

 

 Futuros Professores

 

Iª PARTE

 

Para uma Formação de Professores Reflexiva

 

1.O processo de construção deste texto foi um vaivém de avanços e retrocessos, de cortes e acrescentos, de sucessivas versões que iam aparecendo com base nas reflexões sobre o trabalho que se ia fazendo, nos comentários de pessoas envolvidas neste projecto e nas consultas bibliográficas. Foi um trabalho (um projecto) desenvolvido ao longo de algumas dezenas de horas, como normalmente acontece a quem arremeda a escrita. São projectos em que se faz, se pensa sobre o que se faz, se refaz e assim sucessivamente até ao produto final. Durante a execução deste projecto planifiquei, pensei criticamente, reformulei, avaliei, arrisquei, aceitei o erro, aceitei críticas, aprendi a chegar ao fim, persisti. Com certeza é o que se tem de fazer na formação de professores (FP); talvez, por isso, é que ela tem vertentes de investigação-acção (I-A).

 

2. Facilmente se reconhece que algumas  destas capacidades e também outras, são fundamentais para qualquer professor quando julga, pensa e reflecte acerca do seu próprio trabalho.

            Nesta linha de pensamento, a avaliação num projecto de FP tem, pois, de ser também considerada como uma responsabilidade pessoal do professor em formação e, se assim é, tem de haver lugar para reflexões e, consequentemente, para reformulações.

            Se imaginarmos um ambiente de aprendizagem em que se valorizem as capacidades acima descritas, onde os alunos-professores (AP), em pequenos grupos, estão envolvidos na resolução de situações problemáticas e em que se desenvolvem diferentes oportunidades para aprender, exige-se, naturalmente, uma avaliação, pelo menos mais participada e mais reflexiva.

            Mais participada, porque implica que cada professor cooperante ou supervisor, deixando de ser juiz ou avaliador único do trabalho dos AP, partilhe o seu poder com estes. Trata-se de responsabilizar mais os AP pelo seu próprio desenvolvimento, envolvendo-os na identificação dos seus "pontos fortes e fracos" e na superação das suas próprias dificuldades.

            Mais reflexiva para que os AP se habituem a rever crítica, consciente e sistematicamente o seu trabalho, analisando o que foi feito e identificando o que é mais característico, o que foi mudando com o tempo ou o que ainda falta fazer. Trata-se de desenvolver as suas capacidades metacognitivas para que possam habituar-se a rever e a reformular o seu trabalho e o seu projecto de vida como futuros professores.

           

 

 

O Portefólio na FP para quê?

 

3.Dado tratar-se de um vocábulo inglês sem tradução (uma vez que a "tradução à letra" para português seria correspondente a "pasta" ou "ficheiro" conceitos que menosprezam todo o potencial de que está embuído o termo original!), será conveniente esclarecer o que entendemos por portefólio.

            Não se trata de um conceito novo, mesmo em Portugal, tendo em conta a sua larga tradição no campo artístico – onde serve para coligir os melhores trabalhos dos pintores, fotógrafos, etc. Contudo, como teremos oportunidade de verificar, a sua importação para o campo da educação-formação acarretou consideráveis alterações semânticas, de forma, etc., que fizeram dele uma poderosa ferramenta ao serviço da reflexão-acção.

            Assim, independentemente do seu aspecto (dossier, pasta, etc.), o portefólio dos professores em formação devem ser portadores das evidências, das capacidades e competências e reflexões sobre essas mesmas evidências e sobre a prática concreta do dia-a-dia.

            As evidências e as reflexões, a incluir no portefólio, podem assumir um sem-número de formas: planificações, resumos, esquemas, ensaios, relatórios, notas, fichas de leitura, diários, listas de verificação, registos áudio, vídeo e/ou fotográficos, entrevistas, pareceres, artigos, observações, materiais pedagógicos, etc, etc,etc,.

            Deve-se investir na diversidade de instrumentos a incluir no portefólio, nomeadamente, quando o portefólio é utilizado como estratégia de avaliação.

 

 

4.Há múltiplas imagens do portefólio, mas existem duas que convém reter: numa, o portefólio é um espaço de reflexão, através do qual o professor em formação melhora a sua prática (trata-se de uma concentração, sobretudo, no processo); noutra, o portefólio é uma exibição das competências, destinado a ser analisado (avaliado!) por outros (trata-se de um enfoque, essencialmente, no produto).

 

           

5. Por exemplo, um portefólio de evidências de aprendizagens no projecto de formação de professores, poderia ser uma colecção organizada e devidamente planeada de trabalhos produzidos por um futuro professor ao longo do seu estágio, de forma a poder proporcionar uma visão tão alargada e pormenorizada quanto possível das diferentes componentes do seu desenvolvimento. Quer o professor cooperante, quer o supervisor, quer o AP, partilharão responsabilidades na sua elaboração, decidindo o que incluir no portefólio, em que condições, com que objectivos e qual o processo de avaliação.

            As evidências de aprendizagem a incluir, podem ser de natureza diversa e devem reflectir os aspectos destacados no estágio. Nesse sentido poderiam, por exemplo:

 

·      Abranger todas as áreas inclusas no processo formativo, incluindo observação de aulas;

·      Ser diversificadas (escritas, visuais, orais);

·      Mostrar processos e produtos de aprendizagem, incluindo planos de aula e reflexões antes, na e sobre a acção;

·      Ilustrar diferentes modos de trabalho e respectivos suportes pedagógicos;

·      Identificar as diferentes oportunidades de aprendizagem;

·      Revelar o envolvimento dos futuros professores no Projecto Educativo de Escola;

·      etc

·      etc

 

            Todos os trabalhos, devidamente datados, poderão            ir sendo incluídos no portefólio que pode apresentar as mais diversas formas, desde dossier, livro, maleta, etc, etc, de forma a fornecerem uma fotografia dos progressos, das aprendizagens, das necessidades e das experiências do AP.     

 

 

6. Mas afinal, perguntarão, agora, que vantagens pode ter um portefólio de evidências de aprendizagem num projecto de FP?

            Importa logo à partida sublinhar, mais uma vez, que um portefólio não é um mero repositório de trabalhos "organizados" numa pasta de arquivo ou numa caixa. A ideia da sua utilização encerra objectivos ambiciosos, como por exemplo, a contextualização. Para sermos mais explícitos: uma maior ligação da avaliação à situação em que se desenvolveu a aprendizagem, evitando realizá-la através de tarefas formais, desligadas do contexto.Assim sendo, o portefólio poderá transformar-se num auxiliar precioso:

 

·      da  reflexão dos AP sobre o seu próprio trabalho;

 

·      na  participação activa dos AP no processo de avaliação;

 

·      na identificação dos progressos experimentados e das dificuldades, dada a     natureza  longitudinal dos portefólios;

 

·      na facilitação do processo de tomada de decisão pelos professores cooperantes e supervisores, a   todos os níveis, porque ficam a conhecer melhor a forma como a formação é desenvolvida e as principais características dos AP;

 

·      na ênfase ao carácter positivo da avaliação, uma vez que os AP têm mais possibilidades de mostrar o que sabem e são capazes de fazer, o que contribui para melhorar a sua auto-estima.

 

 

 

7. Perguntar- me- ão se a utilização desta abordagem é simples. Não é e a minha experiência com alunos do ensino superior que não vão seguir a carreira de professores, confirma essa tese.Mas é no final gratificante. A dificuldade consiste em transformar o portefólio em qualquer coisa que não seja só uma mera pasta com colecções de trabalhos.

            As experiências que têm sido realizadas por diversos formadores, inclusivamente em Portugal, no âmbito de um curso de formação de formadores são, no entanto, bastante encorajadoras.Os portefólios podem influenciar positivamente as formas de como se ensina, se aprende e se avalia. Podem dar origem a outra "cultura", a outra ideia dos contextos formativos: um local em que as aprendizagens se vão construindo em conjunto e individualmente, ao ritmo de cada um, em que se reflecte e pensa,em que se valorizam as experiências,intuições e saberes de cada formando, em que se acredita que as dificuldades podem ser superadas e em que,essencialmente, se aprende, com mais ou menos esforço, mas sempre com gosto.Não é isto que se pretende na FP ?

 

 

8. Após a leitura deste texto, os AP, ficaram com certeza, com dúvidas, perplexidades e também, esperemos, com alguma vontade de experimentar esta abordagem.

            Dou-lhes uma sugestão. Procurem reunir-se por grupo de estágio, para que seja possível efectuar um levantamento de possibilidades da sua utilização, analisar possíveis constrangimentos e processos de avaliação.

            Para tal, experimentem como exercício, fazer um plano de portefólio; em seguida, tentem definir os intervenientes, enumerar os aspectos que consideram ser relevantes no conteúdo de um portefólio para a Prática Pedagógica e, finalmente, construam uma escala avaliativa para o mesmo.

 

           

 

 

IIª PARTE

 

 

                       

O Portefólio como documento de I-A e de reflexão critica do AP.

 

 

1.Entendemos que um portefólio pode também transformar-se num instrumento de reflexão crítica dos AP, se considerarmos que essa reflexão crítica (compilada na forma de portefólio) constitui um trabalho pessoal, de carácter dinâmico, contínuo e sistemático, sobre a actividade docente, visando em primeiro lugar a auto-avaliação e a autoformação (embora possa ter outros objectivos), que terão com certeza repercussões na melhoria da prática educativa e no desenvolvimento pessoal e profissional do AP.

            Outro aspecto importante da reflexão crítica, através do portefólio, é o que visa resolver os problemas concretos do AP.

            Assim sendo, o portefólio do AP é uma espécie de "diário", ou seja,um conjunto de confidências do foro pessoal. Qual diário de bordo, o portefólio, servirá em primeira instância os interesses e objectivos do seu autor, embora numa fase posterior, quando o AP já estiver familiarizado com a sua elaboração e convicto das suas potencialidades, possa representar uma poderosa ferramenta para a discussão de práticas educativas com os professores cooperantes e supervisores.

 

 

O AP: interveniente no processo de observação da I-A

 

1. Como é sabido, a construção de papagaios de papel é uma tradição oriental que remonta aos primórdios da civilização. Embora envolta em simplicidade, nem por isso deixa de ser uma cativante brincadeira para os mais jovens e para os menos jovens - tudo depende do contexto social a que nos reportarmos.

            Para construir um papagaio de papel, utilizam-se parcos materiais, que se limita fundamentalmente, as réguas (que formam a estrutura) e ao papel (que serve de decoração e lhe confere dinâmica), tudo o resto se resume à habilidade de cada artífice em moldar a forma e em dar vida ao colorido dos papéis, sem nunca perder de vista o principal objectivo de um papagaio de papel - que se eleve no céu ao sabor do vento.

            Para os AF, construir um portefólio é um pouco como construir um papagaio de papel, trata-se de um acto criativo, baseado na reflexão-acção, que mediante algumas orientações (as réguas) e papel q.b.  (os registos/evidências) permitem que ele se torne participante no processo de I-A.

 

2.Num projecto de FP, um dos aspectos importantes de reflexão para o AP no portefólio, poderá ser dar respostas às seguintes questões: Como educo/ensino? Porque educo/ensino? Porque educo/ensino desta maneira? Quais são as minhas finalidades/objectivos, metodologias e estratégias de acção?

            Este conjunto de questionamentos e ainda muitos outros, pressupõem que o portefólio tenha um sentido organizativo claro:

 

·      Clarificação do (s) objectivo (s) do portefólio;

 

·      Produção e reunião de evidências (devidamente datadas);

 

·      Organização (cronológica e/ou temática) das evidências;

 

·      Reflexão crítica sobre cada evidência (devidamente datada);

 

·      Partilha e discussão com os pares (podendo as suas opiniões constituir novas evidências);

 

·      Revisão e apresentação do portefólio em contexto de I-A.

 

 

3. No que concerne à reflexão crítica, razão de ser do portefólio no projecto de FP, ela deve salientar a relevância de cada evidência (ou trabalho) apresentada e do que foi possível aprender com a sua análise (ou realização), à luz dos objectivos previamente estabelecidos para o portefólio. Poder-se-ão construir grelhas de reflexão crítica que contenham:

 

·      A designação da evidência (ou título do trabalho):    

 

·      O sumário da evidência (ou do trabalho):

 

·      Porque seleccionei esta evidência (ou realizei este trabalho)?

 

·      O que aprendi com a análise desta evidência (ou com a realização deste trabalho)?

 

 

 

 

5. A proposta do portefólio como estratégia de avaliação da aprendizagem e de I-A no projecto de FP, pressupõe alguns cuidados adicionais, pois o desconhecimento prévio desta ferramenta, poderá afectar a sua implementação com o sucesso que seria desejável. Assim, apresentamos seguidamente algumas pistas inspiradas em Doolittle (1994):

 

1. Começar lentamente.

Instituir o portefólio como estratégia de avaliação, mesmo que seja apenas como instrumento de reflexão ou desenvolvimento profissional, leva tempo (como acontece com qualquer outra inovação!).

 

2. Ganhar aceitação.

É fundamental que os AP aceitem a aplicação do portefólio. Assim, reveste-se de grande importância o processo de esclarecimento e de negociação das regras de utilização.

 

3. Incentivar o sentido de pertença.

Os AP devem ser envolvidos, desde o princípio, na elaboração do portefólio , conhecendo as suas virtudes e defeitos e sentindo-se como parte interessada na elaboração do mesmo.

 

4. Clarificar os objectivos e organização.

Os AP precisam saber, claramente, como é que o portefólio será usado (Porquê? Para que? O quê? Como? Quando?). Se será para auto-avaliação, avaliação formativa, avaliação sumativa, observação da I-A etc. Além disso, qual a estrutura (obrigatória, recomendada ou flexível ) e os respectivos critérios de avaliação (se for o caso).

 

5. Utilizar exemplos.

Dada a novidade associada aos portefólios, será conveniente facultar alguns exemplos aos AP. Esses modelos poderão ser um bom ponto de partida para a construção dos seus próprios portefólios.

 

ó. Ser selectivo.

Como costumamos dizer, o portefólio não é o caderno diário, por isso não pode (nem deve) conter tudo o que o AP faz. Deve incluir apenas evidências (trabalhos) seleccionadas (que não devem ser exclusivamente as melhores!) e sobre as quais foi feita uma cuidada reflexão.

 

7. Ser realista.

Os portefólios possuem inegáveis vantagens, contudo, como qualquer outra estratégia, também tem desvantagens (a mais citada é normalmente o tempo necessário para a sua elaboração e classificação), pelo que a sua utilização deve ser contextualizada à realidade de formação.

 

8. Ser reflexivo.

Os AP devem empenhar-se conjuntamente na avaliação desta nova estratégia, reflectindo continuamente sobre a sua implementação.

 

6.Parafraseando Wade & Yarbrough (1996), o portefólio é um método potencialmente valioso nos programas que são baseados na noção construtivista de aprendizagem, como é o caso dos futuros  professores de  Ciencias da Natureza / Matemática .

            Também Barton & Collins (1993), aludem às vantagens da utilização dos portefólios na formação,e Barton  diz que  a experiência de elaborar um portefólio permite ao professor  em I-A ( prospectivo), ter oportunidades para se tornar um decisor curricular, para desenvolver várias formas de ensinar e para fomentar produtivos ambientes de aprendizagem (Barton, 1993).

 

 

 

 

Bibliografia recomendada

 

·      Archbald, D. e Newmann, F. (1992). "Approaches to assessing academic achievement". In H. Berlak, F. Newmann, E. Adams, D. Archbald, T. Burgess, J. Raven e T. Romberg (Eds.), Toward a new science of educational testing and assessment. New York: State University of New York Press.

 

·      Chaves-S.I. (2000) “ Portefólios reflexivos estratégia de fornação e supervisão”. Aveiro: Universiudade de Aveiro.

 

·      Moss, P.; Beck J.; Ebbs, C.; Matson, B.; Muchmore, J.; Steele, D.; Taylor, C. e Herter, R. (1992). "Portefólios, accountability, and a interpretive approach to validity". Educational Measurement: /ssues and Practice.

 

·      Novak , J. & Gowin , D. B. (1996)“ Aprender a Aprender “. Lisboa: Plátano Editora.

 

·      Nunes, J. (2000) “O professor e a acção reflexiva portefólios, “Ves” heurísticos e mapas de conceitos como estratégas de desenvolvimento profissional “ Porto: CRIAP/ASA.

 

 

·      The Vermont Department of Education (1991). "Looking beyond "The Answer": The report of Vermont's mathematics portefólio assessment program" (Pilot year, 1990-1991). Vermont: Autor.

 

·      Valadares, J. & Graça, M.(1998) “Avaliando para melhorar a aprendizagem” Lisboa: Plátano Editora.

 

 

Fontes Fundamentais para a elaboração deste texto:

 

 

·      Correio da Educação (nº15, 20 Novembro 2000), in Suplemento,” Portefólios: para uma avaliação mais autentica, mais participada e mais reflexiva”.

 

·      Pensar avaliaçao, melhorar a aprendizagem,

Ficha B/10 – Avaliaçao Formativa, Instituto de Inovaçao Educacional

(Projecto de formaçao/animaçao a distancia gerado no contexto da publicação

do normativo de avaliaçao do Ensino Básico - Despacho 93 - A/ 92)

Coordenador do Projecto: Domingos Fernandes

Autores: Domingos Fernandes, Anabela Neves,

Cristina Campos, José M. Conceiçao, Vítor Alaiz.

 

·      Nunes, J. (2000) “O professor e a acção reflexiva portefólios, “Ves” heurísticos e mapas de conceitos como estratégas de desenvolvimento profissional “ Porto: CRIAP/ASA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Inácio Nogueira 2001

 

Publicado Por... pequenos nadas às 17:13
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