Segunda-feira, 30 de Abril de 2012

À(s) memória(s) de Miguel Portas

LIBERDADE


A liberdade é o meu clarim de guerra
e eu sou, no meu viver amplo e sem véus,
como os caminhos soltos pela terra,
como os pássaros livres pelos céus.

Ela é o sol dos caminhos! Ela é o ar
que os enche os pulmões, é o movimento,
traz num corpo irrequieto como o mar
uma alma errante e boémia como o vento.

Minha crença, meu Deus, minha bandeira,
razão mesma de ser do meu destino,
há-de ser a palavra derradeira
que há-de aflorar-me aos lábios como um hino.

Liberdade: Alavanca de montanhas!
Aureolada de louros ou de espinhos
há-de cingir-me a fronte nas campanhas,
há-de ferir-me os pés pelos caminhos.

Sinto-a viva em meu sangue palpitando
seja utopia ou seja ideal, - que importa?
Quero viver por esse ideal lutando,
quero morrer se essa utopia é morta !

 JG de Araújo Jorge
Publicado Por... pequenos nadas às 18:20
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Terça-feira, 24 de Abril de 2012

O Tempo Envelheceu Depressa

 

O Tempo Envelheceu Depressa

 

O 25 de Abril murchou;

Muitos O expurgaram,

Espoliaram,

As Suas entranhas

Rasgaram.

Dia-a-dia O vilipendiaram;

Os mitos e os ritos,

Que O inspiraram,

Nas facas da noite queimaram,

Na fogueira

Das vicissitudes tamanhas.

 

 

Às mãos de mentirosos ditos,

Às armas de promessas vãs,

A Madrugada já é de proscritos,

Qual noite tenebrosa de titãs.

 

 

Corrupção e actos de vilão,

Mancharam os cravos do meu coração.

 

 

O tempo envelheceu depressa.

 Essa é a minha preocupação.

Por Abril.

 Inácio Nogueira.

24.04.2012

Publicado Por... pequenos nadas às 16:19
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Sexta-feira, 13 de Abril de 2012

Tornar-se HERÓI

MORRER DE PÉ NA PRAÇA SYNTAGMA

 

 

Quando se ouviu um tiro na Praça Syntagma,

logo houve quem dissesse: “É a polícia que ataca !”.

Mas não, Dimitris Christoulas trazia consigo a arma,

a carta de despedida, a dor sem nome, a bravura,

e vinha só, sem medo, ele que já vivera os tempos

de silêncio e chumbo do terror dos coronéis.

Mas nessa altura era jovem e tinha esperança.

Agora tudo isso findara, mas não a dignidade,

que essa, por não ter preço, não se rende nem desiste.

 

Dimitris Christoulas podia ser apenas um pai cansado,

um avô sem alento para sorrir, um irmão mais velho,

um vizinho tão cansado de sofrer. Mas era muito mais

do que isso. Era a personagem que faltava

a esta tragédia grega que nem Sófocles ou Édipo

se lembraram de escrever, por ser muito mais próxima

da vida do que da imaginação de quem efabula.

Ouviu-se o tiro, seco e certeiro, e tudo terminou ali

para começar logo no instante seguinte sob a forma

de revolta que não encontra nas bocas

as palavras certas para conquistar a rua.

Quando assim acontece, o silêncio derruba muralhas.

Aos jovens, que podiam ser seus filhos e netos,

o mártir da Praça Syntagma pediu apenas

para não se renderem, para não se limitarem

a ser unidades estatísticas na humilhação de uma pátria.

 Não lhes pediu para imitarem o seu gesto,

mas sim que evitassem a sua trágica repetição.

E eles ouviram-no e choraram por ele, e com ele,

sabendo-o já a salvo da humilhação

de deambular pelas lixeiras para não morrer de fome.

 

Até os deuses, na sua olímpica distância,

se perfilaram de assombro ante a coragem deste gesto.

Até os deuses sentiram desprezo, maior do que é costume,

pela ignomínia de quem se vende

para tornar ainda maior a riqueza de quem manda.

A Dimitris bastou um só disparo, limpo e breve,

para resumir a fogo toda a razão que lhe ia na alma. Estava livre.

Tornara-se herói de tragédia

enquanto a Primavera namorava a bela Atenas,

deusa tantas vezes idolatrada e venerada.

Assim se despedia um homem de bem,

com a coragem moral de quem o destino não vence.

 

Quando o tiro ecoou na praça de todas as revoltas,

Dimitris Christoulas deixou voar uma pomba,

uma borboleta, uma gaivota triste do Pireu

e disse, com um aceno: “Eu continuo aqui,

de pé firme, porque nada tem a força de um homem

quando chega a hora de mostrar que tem razão”.

Depois vieram nuvens, flores e lágrimas,

súplicas, gritos e preces, e o mártir da Syntagma,

tão terreno e finito como qualquer homem com fome,

ergueu-se nos ares e abraçou a multidão com ternura.

 

José Jorge Letria

 

6 de Abril de 2012

Publicado Por... pequenos nadas às 16:32
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Sexta-feira, 6 de Abril de 2012

DE PÁSCOA

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