Há palavras fingidoras que nos beijam.
Há palavras a galope de corsel que nos derrubam,
Subjugam, traem e espezinham.
Há palavras com timbre de confiança,
Que não passam de palavras sem fiança,
Mistificadoras e prenhas de vingança.
Há palavras que são adjectivos
Azedos, que no escuro atacam os substantivos.
Há palavras que são verbos e não porfiam,
E a verdade caluniam.
Há advérbios perversos, indigentes,
Proposições risonhas que mentem e enganam as serpentes.
Em debates, comícios, declarações,
Há palavras animosamente construídas,
Sem dom pronunciadas,
À solta ditas e inflamadas,
Regorjeando ódios, venenos e traições,
Que não afeiçoam o povo e banem as devoções.
Afinal que PALAVRAS falam a VERDADE?
Na boca de alguns políticos a VERDADE já não tem propriedade.
Inácio Nogueira
O programa dos Gatos Fedorentos "Esmiúça os Sufrágios", apresentou-se ontem como um espaço de humor sábio. Os portugueses estão fartos de políticos a falarem crispado e a arrogarem-se possuidores da verdade. Dos políticos sempre- em- pé e fala- barato, que tudo prometem, de tudo sabem e pouco fazem.
O Gatos Fedorentos alegram a política e a campanha eleitoral, e, nesse tom saborosamente galhofeiro, mas reflexivo, dizem quase tudo o que o povo deve saber.
Não espanta, pois, que o programa de ontem com Sócrates tenha liderado as audiências.
Vi ontem o último debate. Vislumbrei um novo Sócrates, pese a repetição dos mesmos projectos para o País: senti-o mais calmo, mais paciente, mais polido, mais responsável.
A Manuela esteve pesporrênta, agressiva, agorrante, sempre que o adversário pôs em causa as suas verdades, que afinal são um vespeiro de não verdades. Travestiu-se de Sócrates II.
E os outros candidatos, que nos disseram deles os debates?
O Paulo apresentou-se sempre bem falante, convincente, mas sabemos que nele a teoria da prática nunca se viabiliza. O Louçã foi pela primeira vez desmascarado, e, em desespero, já concede licenças para que se possam usar telemóveis e também permite a realização de dois rodeos. Por fim falemos no Jerónimo que lá se vai arrastando com a cassete às costas, sempre à procura do tal ideal que ficou sepultado debaixo do muro do seu quintal.
E agora pergunto eu: em quem votar no dia 27 de Setembro? Mal por mal vote-se nos mesmos, ou então, no Senhor BRANCO Quentinho (queriam verde fresquinho, não?), que os fará andar a todos, nesse dia, com as cuecas na mão a caminho dos sanitários da sede dos partidos.
" Se alguém esperava ficar «esclarecido» ou informado com os dez «debates» de televisão entre o primeiro-ministro e os chefes dos partidos da oposição (os partidos parlamentares como é evidente) vai ficar desiludido."
Vasco PulidoValente, Público de 04/09/2009
" Não é por andar a servir demagogia por todas as boticas que José Sócrates vai ganhar as eleições. Vai ganhá-las porque não há, apesar de tudo, alternativa melhor-sendo que, como ele disse acertadamente, a escolha é entre ele e Ferreira Leite."
Miguel Sousa Tavares, Público de 05/09/2009
% de Capitães Milicianos mobilizados |
Ano das unidades mobilizadas |
Para Angola % |
Para a Guiné % |
Para Moçambique % |
2,59 |
1961 |
7,77 |
0,00 |
0,00 |
6,66 |
1962 |
20,00 |
0,00 |
0,00 |
17,72 |
1963 |
22,61 |
17,24 |
13,33 |
6,67 |
1964 |
2,70 |
4,00 |
13,33 |
9,20 |
1965 |
11,50 |
16,12 |
0,00 |
50,72 |
1966 |
44,44 |
47,36 |
60,37 |
42,28 |
1967 |
39,13 |
46,34 |
41,37 |
46,43 |
1968 |
48,70 |
50,00 |
40,60 |
40,76 |
1969 |
46,66 |
33,33 |
42,30 |
31,17 |
1970 |
34,00 |
40,00 |
19,51 |
52,73 |
1971 |
45,00 |
52,50 |
60,70 |
82,87 |
1972 |
81,25 |
88,88 |
78,57 |
86,22 |
1973 |
89,23 |
83,72 |
85,71 |
75,54 |
1974 |
71,42 |
71,42 |
83,78 |
Fig 1-Percentagem de Capitães Milicianos nas companhias operacionais de Artilharia, Cavalaria e Infantaria
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