Naquele momento mágico
em que se nasce
começa uma peregrinação
sem tempos definidos
e
lugares determinados.
A vida dissipa-se pelo enredo do seu labirinto até encontrar a saída final.
Inácio Nogueira
Quem ler o livro Os Mal-Amados de Fernando Dacosta deparará com os ciclos de vida de Portugal no século XX. O autor apelida-os de "cinco estações" a saber : Primavera, Verão, Estio, Inverno e Outono.
Segundo Dacosta, "a Primavera esteve presente nos acordares da República e do 25 de Abril; o Verão, nas ditaduras do Estado Novo e das multinacionais neo-esclavagistas; o Estio, na afirmação do erotismo e na emergência da liberdade; o Inverno, no martírio dos mobilizados das guerras e no êxodo dos retornados; o Outono, na reinvenção da esperança e na resistência ao global."
Tudo isto teve influência em nós; criou expectativas e mudou radicalmente as nossas vidas e as nossas terras. Vivemos hoje o vazio dessa complexidade, que não fomos capazes de controlar e tornar melhor. Perante esta crise sem precedentes cambaleamos todos, e para lhe escapar, ficcionamos o futuro.
Agostinho da Silva previu este descalabro sem limites, quando afirmava:
"A humanidade vai atravessar tempos complicados, prepare-se para eles, eu já cá não estarei. Quem puder deverá deixar as grandes cidades e regressar ao campo, à harmonia com a natureza, à agricultura de subsistência. Vamos entrar numa nova Idade Média dominada não por cavaleiros armados, mas por capitães da indústria e da economia, do comércio e das finanças, senhores de multinacionais transversalmente controladoras do mundo, mais poderosas do que os países, do que os governos existentes."
Será que teremos de regressar à natureza?
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Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma
outra razão para amar,
Senão amar.
Que queres que te diga, além
de que te amo,
Se o que te quero dizer
é que te amo?
Animais e plantas: alguns figurantes do teatro de vida de Amoreiras
As noites de Inverno eram extremamente calmas. O escuro nocturno imperava, e só era vagamente alumiado quando a Lua Cheia aspergia pela aldeia o seu luar sereno. Os serões durante o Inverno eram compridos, pois os dias sentiam-se pequenos, e a noite escura não inspirava passeios. As pessoas deitavam-se quando o lume da lareira deixava de ser hospitaleiro e a luzinha sonolenta da candeia apagava moribunda. Que silêncio! Silêncio apenas amputado pelo coaxar das rãs na ribeira, pelo piar da coruja, ou pelo latir de algum cão de guarda aos rebanhos.
Eram os grandes e atentos amigos dos pastores, numa altura em que os lobos se consideravam uma praga, e constituíam o inimigo número um dos rebanhos, de dia e de noite. Esses cães, armados de ferros com picos agudos no pescoço, tornavam-se indispensáveis no ataque a esses predadores.
Felizmente, raros eram os casos de lobos acometerem o homem, embora tivessem o costume de o seguir de perto, quando de noite e em sítios isolados. Desapareciam, como fantasmas, à aproximação dos povoados, e (re) apareciam à saída para continuarem o acompanhamento, esperando porventura qualquer deslize do viajante. O meu avô contava-me uma história, certamente com foros de lenda, sobre um rapaz que foi morto e comido pelos lobos. Namorava o tal rapaz uma rapariga numa quinta fora da aldeia. O moço costumava, por vezes, visitá-la a altas horas da noite. Para os pais não darem pela sua falta, colocava entre os cobertores um molho vides. Uma noite o pai acordou estremunhado, pois havia sonhado que o filho lutava com uma alcateia de lobos. Levantou-se e foi examinar a cama, voltando descansado para o seu quarto, pois lhe pareceu ter visto o filho deitado. Adormeceu novamente e, passados alguns minutos, novos sonhos repetiram o mesmo cenário. Correu novamente ao quarto do rapaz, retirou os cobertores, e viu-se na presença de um molho de vides. Vestiu-se, atormentado, pegou no fusil e correu na direcção da casa da namorada. Pelo caminho ainda ouviu os gritos lancinantes do filho e, para o encorajar, foi-lhe gritando: - «aguenta-te filho que eu vou a caminho!..». Mas ao chegar ao local, para desespero seu, só viu os pés metidos nos tamancos...
O cão e o lobo eram dois figurantes centrais da fauna de Amoreiras, como teriam sido o gato bravo, a gineta, a raposa, o tourão, a doninha e o esquilo. Outrora teriam existido também lontras e texugos. Na Ribeira das Amoreiras não me recordo de existirem peixes apetecíveis. Havia muitas rãs, facilmente capturáveis, que propiciavam óptimos lanches, pois as suas pernas cozinhadas a preceito eram um petisco bem estimado. Também se viam os alfaiates e as cobras de água. Por esses campos fora vi muitas cobras rastejando e lagartos e lagartixas procurando o sol. As toupeiras também eram frequentes na sua função de escavar as terras. Os sapos viam-se amiúde, e por vezes aparecia o ouriço-cacheiro.
De manhã os galos despertavam as pessoas. E havia muitos na Amoreiras! As noivas, as galinhas poedeiras, forneciam de ovos as suas donas. Raras vezes se criavam mulas e machos na Amoreiras. Exceptuavam-se os moleiros, que tinham alguns para transportar as farinhas. Jumentos havia muitos, bem como vacas que os agricultores levavam à Velosa para «as chegarem» ao boi cobridor. Carneiros, ovelhas e cabras abundavam. O gado lanígero era quase todo de cor branca, mas havia algum de lã preta da melhor qualidade. As cabras eram de bom porte e óptimas leiteiras. O porco era, depois das ovelhas, o animal existente em maior número; muita gente criava um «bacorinho».
Quando “ia ao mato”, fazer companhia ao Joaquim, via muitas lebres, coelhos e perdizes. As perdizes eram uma das minhas aves predilectas. Estes animais faziam o ninho no chão, nas abrigadas dos cômaros e das velhas paredes de pedra, de preferência próximo de searas, cujos restolhos eram imprescindíveis para criar os «perdigotos» que, quando pequeninos, seguiam a mãe para todo o lado.
Ao longo deste meu itinerário de memórias já falei das árvores frondosas e dos verdes legumes produzidos no solo fértil de Amoreiras. Evoquei também os campos bonitos cobertos de searas ou flores multicores. No entanto deixem-me rememorar as que me foram mais chegadas: os salgueiros, os amieiros, as azinheiras, os carvalhos, as macieiras, os pinheiros, as giestas, as figueiras, as cerejeiras, as videiras e as oliveiras, onde poisavam um sem número de aves que fizeram os encantos da minha infância e primeira juventude. Sabia o nome da maior parte dos pássaros, ensinados pelos meninos de Amoreiras e pelo meu avô; conhecia-os pelo voo, pela coloração das penas e pelo seu cantar. Lembro-me da imensa passarada que na Primavera e no Verão coloriam as terras, as árvores e os arbustos, emitindo chilreios melodiosos, sonoras risadas, silvos estridentes ou contidos, compassados bateres, silenciosos esvoaçares ou rolhares meigos. Esta amálgama de sonoridades compunha uma sinfonia maravilhosa, por certo de um autor ainda hoje para mim desconhecido. Os instrumentos e os cantares da orquestra eram das codornizes e das cotovias, das rolas e gaios, do pica-pau e do cuco, da poupa e do mocho, da coruja, da patarrona e do noitibó. Também dos corvos, milhafres, pegas, gralhas e do rouxinol. Os melros dos silvados da ribeira, os pintassilgos das macieiras do Pomar e os pardais por todo o lado, compunham partituras à parte. Depois faziam coro: milheiros, carriças, alvéolas, flechas, tentilhões, piscos, rabetas, ferreirinhas e verdilhões. As corvachas, os tordos, e os estorninhos entravam na orquestra mais tarde, por alturas do Outono, mas também não desafinavam.
Por vezes havia diálogos entre o paspalhão e o colergo. O paspalhão cantava: - «paspalhão! paspalhão!...». Já o colergo dizia: - «cá vai...cá vai...». Os dois pássaros também faziam conversa, como me assegurou a «Minda»:
- «Viste lá o colergo?»
- «Cá o vi, cá o vi, cá o vi...»
- «Que estava a fazer?»
- «Estava a fritar ovos?»
- «Deu-te deles?»
- «Nem por isso...Nem por isso...Nem por isso...»
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